Decisão sobre comando da PF deve levar mais de dois meses, diz Torquato Jardim.

O novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou nesta quarta-feira (31), em entrevista coletiva após tomar posse, que a definição sobre uma eventual mudança no comando da Polícia Federal deverá levar mais que dois meses.
Jardim fez a comparação com o período em que atuou como ministro da Transparência. Segundo ele, o critério que adotará na Justiça será o mesmo.
“Adotarei o mesmo cuidado, a mesma serenidade que adotei no Ministério da Transparência. Passei dois meses estudando o ministério”, disse Torquato Jardim, complementando que as mudanças “foram mínimas”.
Segundo ele, no Ministério da Justiça, “vai levar mais tempo, talvez, porque é um ministério oito vezes maior”.
Em outro momento da entrevista, diante da insistência de jornalistas sobre a permanência do diretor-geral Leandro Daiello no comando da PF, Jardim afirmou: “Eu respondo daqui a dois, três meses, quando analisar melhor o quadro”.
Para Torquato Jardim, o fato de Daiello estar no cargo desde 2011 não influenciará a decisão sobre a continuidade dele na função. Segundo o ministro, a antiguidade “não é fato relevante na análise que vamos fazer”.
O ministro afirmou que, na sexta-feira (2), viajará junto com Daiello para Porto Alegre, a fim de participar da posse do novo superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul.
“Ida e volta são quatro horas de conversa. Acho que vai dar para aprender alguma coisa com o diretor da Polícia Federal”, disse.
Antes de encerrar a entrevista, questionado diretamente por uma jornalista sobre se confirmava a permanência de Daiello no comando da PF, o novo ministro da Justiça disse que, neste momento, “não cabe essa resposta”.
“Eu disse várias vezes: vamos conversar, vamos viajar juntos, vamos conversar sobre a Polícia Federal para que eu conheça o ambiente. Até porque estou também estou sob avaliação. Posso ter que ir embora daqui a algumas semanas, sabe-se lá”, afirmou.
Lava Jato
Ele também negou uma suposta intenção de inibir a Operação Lava Jato, que investiga, entre outros, o próprio presidente Michel Temer, ministros e parlamentares da base governista.
“A Lava Jato é oportunidade única de se construir uma nova ética pública”, declarou. “É um programa de Estado. Não é coisa de governo, [é] uma vontade de Estado, da sociedade brasileira”, afirmou.
Segurança Pública
Torquato Jardim disse que a experiência que tem em segurança pública – uma das áreas da pasta que comandará – se limita a assaltos dos quais ele e duas tias foram vítimas em Brasília e no Rio de Janeiro.
Desde que Temer assumiu o poder, em maio do ano passado, a pasta passou a se chamar Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Perguntado sobre a experiência que tem na área, ele admitiu que não é especialista.
“Minha experiência em segurança pública foi ter duas tias e eu próprio assaltados. Em Brasília e no Rio de Janeiro”, declarou. O ministro também disse que “a pasta é muito grande” e que “ninguém chega lá sabendo de tudo”.
A pasta é responsável por coordenar o Plano Nacional de Segurança, que também conta com a atuação de outros ministérios. A ação foi lançada em meio à crise penitenciária no início do ano, em que foram registrados massacres e rebeliões em presídios.
Fonte: G1