Centrais se reúnem para marcar greve geral e discutir veto a projeto.

Centrais se reúnem para marcar greve geral e discutir veto a projeto.

Dirigentes das centrais sindicais se reunirão na próxima segunda-feira (27), na sede da UGT, em São Paulo, para definir os próximos passos contra as reformas trabalhista e da Previdência, com o ingrediente extra do projeto da terceirização (aprovado ontem na Câmara). O objetivo é marcar a data de uma greve geral, em abril.

Na primeira avaliação, feita hoje, em Brasília, no escritório da UGT, com a presença de representantes de sete centrais e do diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, os sindicalistas concluíram que as mobilizações dos dias 8 e 15 tiveram alguma influência, a ponto de o Projeto de Lei 4.302 ter sido aprovado com uma votação apertada. Eles acreditam que, apesar da maioria governista,  isso também terá impacto na discussão das reformas. Sobre o PL da terceirização, os dirigentes vão pedir que o presidente Michel Temer vete o texto, mas também avaliam recorrer à Justiça.

“Ainda não está descartada a possibilidade de uma negociação com o governo”, diz o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. Ele lembra que ainda haverá votação, no Senado, do PLC 30, o PL 4.330 aprovado em 2015 na Câmara, que também trata de terceirização. Com os dois projetos aprovados, os sindicalistas poderiam tentar vetos em alguns pontos.

“O presidente tem a caneta na mão. Não podemos descartar essa possibilidade”, afirma Juruna, para quem, no entanto, é importante apostar na mobilização. “Precisamos deixar claro à população que as mudanças dependem de cada um.”

“A pressão sinaliza que é esse o caminho para barrar o retrocesso”, diz o presidente da CTB, Adilson Araújo. “A greve geral é primordial. Mais do que nunca, passa a ser uma realidade”, acrescenta. “Se o povo não for pra rua, as consequências dessa medida serão dramáticas”, acrescenta, sem apostar, pelo menos neste momento, na estratégia dos vetos presidenciais. “Ambos (os projetos 4.302 e 4.330) são perversos, sintetizam a intenção do governo, que é aumentar a jornada, baixar salário, instituir o trabalho análogo à escravidão”, afirma Adilson, chamando a gestão Temer de “governo Casas Bahia”: “Quer liquidar tudo”.

Para o sindicalista, o governo faz uma política “burra”, na medida em que tende a arrecadar menos com a queda na renda do trabalho. E chama de “falacioso” o discurso de que a economia está retomando a rota do crescimento. “Isso não se resolve com liberação de conta inativa e com Refis (perdão de dívidas)”, rebate, vendo no Brasil uma situação parecida com a Europa, que enfrentou políticas de austeridade ditadas pela chamada Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central e União Europeia), com resultados nocivos ao trabalho: “Você viu o que deu”.

O secretário-geral da CSB, Álvaro Egea, avalia que o governo, com o PL da terceirização mais as reformas, apresenta um “projeto de poder para o ano que vem”, com sinalização ao mercado. “Esse projeto foi tirado da gaveta por iniciativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que deu a senha para o governo. É extremamente favorável ao empresariado, arrebenta a CLT e impõe uma selvageria nas relações de trabalho.” E, ao contrário do anunciado, aumentará o número de ações na Justiça do Trabalho, aponta.

Ele acredita que a votação de ontem aumentará a pressão e a rejeição aos projetos de reforma. “A terceirização é odiada pelo povo, pelo trabalhador. Todos estão estarrecidos com a votação de ontem, com o nível de descompromisso (dos parlamentares)”, afirma Álvaro. “Queremos que o governo abra uma negociação séria e honesta com as centrais sindicais.”

Fonte: Rede Brasil Atual

SSPM